quarta-feira, 11 de março de 2009

canção de ninar

vamos dormir.
te pego no colo e balanço forte.
não te deixo frouxo, se não, não se sente acolhido- não dorme.
te mantenho num aperto confortável com o ouvido perto do coração.
entôo aquele canto rouco envolto pelos sons maternos.
balanço agora sem tanta força. estou também com sono e me rendo ao balanço que propus.


vou me ninando-ninando você.
(bênção)

matutando cá com meus botões, a beira do inferno astral...

cada vez que paro pra pegar aquela flor da rua.
cada vez que recebo uma música boa de presente.
cada vez que passo pelo jardim do vizinho.
cada vez que converso com alguém e aquela conversa faz to-tal sentido.
quando pego um ônibus e acompanho um papo entre um crente e um esquizofrênico- ambos gênios.
e quando eu volto absorta da paisagem.
e quando eu canto na rua.
e quando eu leio as palavras que você carinhosamente alinha dentro das tuas frases.
e quando eu conto a história da menina tão pequenininha, mas tão pequenininha...
quando recomendo Cortázar.
quando danço um ponto.
quando volto cansada do trabalho e suspiro alto sem perceber.
É quando me sinto viva. e então espero o inferno passar.

papo de vinho

quando a gente era pequeno, chamava a gente de "bucho de guaru".
quando queria mudar de assunto dizia:" suspende e manda um bauru!"
quando queria ir embora dizia: "pinote go bye!"
quando me levava pra tomar café na padaria ia fazendo a brincadeira do "enquanto seu lobo não vem..." (e colocava aquela flor branca no meu cabelo)
quando dá bronca, me chama de "Maria Clarice."
quando o papo é sério ele convoca um vinho. ai do filho que não souber reconhecer um vinho...


papai ontem me disse pra ficar tranquila.
(e era exatamente o que a Maria Clarice precisava ouvir.)

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